5/23/18

ELEIÇÕES 2018. OS BASTIDORES DO PODER - Edivaldo Holanda revela o momento da ruptura política com o grupo Sarney



Mesmo ao afirmar em discurso que Edivaldo Holanda ainda iria governar o Maranhão, nas eleições municipais de São Luís em 1985, Sarney preferiu indicar Jaime Santana para concorrer contra Gardênia Gonçalves.






O blog inicia a série de reportagens “Eleições 2018. Os Bastidores do Poder”. Para essa edição inaugural, o convidado é o deputado estadual Edivaldo Holanda (PDC-MA). 

O parlamentar recebeu o titular do blog para a entrevista, que se transformou em um descontraído “bate papo”. 

Na conversa, contou ‘de tudo, um pouco’, sobre sua vida escolar, ascensão profissional, seu encanto com a política e desencanto com políticos.

Cursão Humberto de Campos


A ascensão empresarial de Edivaldo Holanda está ligada à sua formação educacional, iniciada em Fortaleza-Ceará.

“Conclui meus estudos no colégio Humberto de Campos, da rede pública, em Fortaleza, e na capital alencarina, conheci uma modalidade de ensino pouco conhecida à época: o supletivo”, relevou o parlamentar.

Edivaldo Holanda revelou, que levou essa ideia de conclusão rápida do ensino básico e médio, na sua bagagem para São Luís do Maranhão, cujo índice de evasão escolar, à época era altíssimo e fundou o primeiro supletivo do Estado, o "Cursão Humberto de Campos”, em homenagem ao colégio cearense homônimo da sua juventude.

O visionário Edivaldo, se apoiou na LEI Nº 5.692/71 que fixa diretrizes e bases para o ensino de 1° e 2º graus, e que trata, entre outras providências, em seu capitulo IV, Art. 24, do Ensino Supletivo como uma forma de suprir a escolarização regular para os adolescentes e adultos que não a tenham seguido ou concluído na idade própria.

“Naquele tempo, fazia sucesso em São Luís, o Cursinho pré-vestibular José Maria do Amaral, então eu criei o Cursão Supletivo, que funcionava no prédio que hoje é o colégio Divina Pastora, no Bairro João Paulo. Foi um sucesso”, relembrou.

Bastidores do poder


A trajetória de Edivaldo Holanda passa pela história da política do Maranhão e do Brasil. Desde sua filiação à Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de base do regime militar de 1964, sigla na qual elegeu-se vereador de São Luís em 1976, até os dias de hoje, quando ocupa a presidência do Partido dos Trabalhadores Cristãos (PTC).

Em seu segundo mandato de deputado Estadual, participa ativamente do cenário político maranhense.

Nesse mais de meio século de atuação pública, o “paraibano de nascença e maranhense de coração”, como ele mesmo se reconhece, além de vereador, foi candidato à prefeito por três oportunidades, secretário de estado, deputado federal constituinte e estadual por duas legislaturas.

Na área política, um fato de bastidor, envolvendo Edivaldo Holanda, mudaria o rumo das eleições municipais de novembro de 1985 e das suas relações com José Sarney.

Edivaldo Holanda, afirmou que naquela eleição, as pesquisas internas, o apontavam como o único candidato capaz de vencer a candidata Gardênia Ribeiro Gonçalves, do então PSB. 

Pleito aquele, o primeiro, com o voto direto, na retomada da democracia pós regime militar.

Naquele momento histórico, Edivaldo ocupava o cargo de secretário-chefe da Casa Civil do governo de Luís Rocha (1983-1987).  

Gardênia, liderou a coligação “Frente Ilha desenvolvida” composta pelo PDS, PL, PMB e PDC, por indicação do seu esposo, João Castelo, após este, romper com o grupo Sarney, que já o tinha apadrinhado junto aos militares para ser governador do Maranhão (1979 a 1982) e senador da república (1982).

Elogios de Sarney


Holandão relata que Sarney, em um de seus discursos, pelos palanques da cidade, afirmou que “um dia Edivaldo Holanda iria governar o Maranhão”.

Diante dos elogios em público, o parlamentar dava como certo, ser ele, o candidato do grupo Sarney nas eleições municipais de 1985. O cenário político que se formava em torno da sua candidatura era favorável.

Edivaldo, tinha popularidade e o apoio do governador Luís Rocha, de quem era secretário-chefe da Casa Civil e do prefeito nomeado Mauro Fecury.

Ledo engano. Sarney o comunicou pessoalmente sua opção por Jaime Santana (PFL). Este, por sua vez, em uma composição com PCdoB, perdeu a disputa para Gardênia.

Foi um duro golpe de Castelo em Sarney e de Sarney em Edivaldo Holanda. Um divisor de águas entre os Holanda e a família Sarney.

“Eu me preparei para governar o Maranhão”,  disse Holanda? Que é formado em Administração Pública Governamental pela Universidade Coral Gueibol nos EUA, o que atesta a vocação do parlamentar para a vida pública 

Em busca desse ideal, Edivaldo foi eleito deputado federal constituinte, mas amargou duas derrotas ao concorrer à prefeitura de São Luís, nas eleições de 1988, perdida para Jackson Lago e em 2004, vencida por Tadeu Palácio, ambos do PDT.

Mas, para o deputado estadual, que busca a reeleição, as palavras de Sarney sobre seu,  futuro enquanto gestor do Maranhão, se concretizaram por outros caminhos. 

Seu filho, Edivaldo Holanda Junior (PDT), é o atual prefeito de São Luís, em seu segundo mandato, e o grupo político que o parlamentar apoia, governa o Maranhão, liderado por Flávio Dino (PCdoB), pré-candidato à releição.

Reportagem Especial: Uerbet Santos
Foto: Divulgação/Assembleia Legislativa do Maranhão


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